O Brasil alcançou a sua pior posição histórica no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) 2024.
Jornal Surreal – Redação
O Brasil alcançou a sua pior posição histórica no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) 2024, ocupando o 107º lugar entre 180 países, de acordo com o levantamento da ONG Transparência Internacional. Essa é a nota mais baixa do país desde o início da série histórica em 2012.
Principais Fatores que Influenciaram a Queda
A Transparência Internacional atribui a piora no ranking a diversos fatores, incluindo:
- Silêncio do presidente Lula em relação à agenda anticorrupção;
- Manutenção de Juscelino Filho como ministro das Comunicações, mesmo após ser indiciado pela Polícia Federal;
- Retorno da influência dos irmãos Wesley e Joesley Batista no governo, após os escândalos de corrupção que envolvem suas empresas;
- Renegociação de acordos de leniência com empresas implicadas na Lava Jato;
- Falta de transparência no Novo PAC e ingerência política na Petrobras.
No Congresso, a ONG critica a institucionalização da corrupção em larga escala, especialmente devido ao aumento descontrolado das emendas orçamentárias, contrariando decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), e à PEC da Anistia, que beneficia partidos políticos.
Críticas ao Judiciário
O Judiciário também foi alvo de questionamentos. A Transparência Internacional menciona decisões polêmicas do ministro Dias Toffoli, que impactaram diretamente processos de corrupção. Em 2023, o presidente da ONG, François Valérian, criticou uma liminar do ministro que suspendeu uma multa de R$ 10 bilhões da J&F, dos irmãos Batista. Em resposta, a J&F acusou a entidade de se apropriar de recursos da Lava Jato, levando Toffoli a abrir uma investigação contra a ONG.
Além disso, a Transparência Internacional cita conflitos de interesse de magistrados e a ocorrência de lobby em julgamentos envolvendo escritórios de parentes. Um exemplo foi o Gilmarpalooza, evento realizado em junho de 2024, onde empresários, membros do Congresso, STF e governo federal se reuniram em Lisboa, levantando dúvidas sobre a transparência e a ética nas relações entre os poderes.
Desempenho do Brasil no Ranking IPC 2024
O IPC, publicado anualmente desde 1995, avalia a percepção da corrupção no setor público em 180 países e territórios, atribuindo notas de 0 (altamente corrupto) a 100 (muito transparente). O Brasil caiu de 36 para 34 pontos em 2024, ficando abaixo da média das Américas (42 pontos) e da média global (43 pontos), ao lado de países como Argélia, Maláui, Nepal, Níger, Tailândia e Turquia.
Os países mais bem colocados foram:
- Dinamarca (90 pontos);
- Finlândia (88 pontos);
- Singapura (84 pontos).
Enquanto os países mais corruptos incluíram:
- Sudão do Sul (8 pontos);
- Somália (9 pontos);
- Venezuela (10 pontos).
Evolução da Posição do Brasil no IPC
Ano | Nota | Posição |
---|---|---|
2012 | 43 | 69ª |
2013 | 42 | 72ª |
2014 | 43 | 69ª |
2015 | 38 | 76ª |
2016 | 40 | 79ª |
2017 | 37 | 96ª |
2018 | 35 | 105ª |
Governo Bolsonaro | ||
2019 | 35 | 106ª |
2020 | 38 | 94ª |
2021 | 38 | 96ª |
2022 | 38 | 94ª |
Governo Lula | ||
2023 | 36 | 104ª |
2024 | 34 | 107ª |
A tendência de queda nos últimos anos levanta preocupações sobre a governança e o combate à corrupção no Brasil. Com um histórico de escândalos e decisões controversas, o país enfrenta desafios crescentes para recuperar credibilidade e avançar na transparência.
Conclusão
A queda do Brasil no ranking de corrupção reforça a necessidade de medidas mais rigorosas para garantir a integridade das instituições e a transparência no setor público. Sem uma ação eficaz contra os abusos apontados pela Transparência Internacional, o país corre o risco de aprofundar sua crise de confiança e prejudicar seu desenvolvimento econômico e social.